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Recém chegado de Curitiba e SP, ex-prefeito de Juruá se nega a passar por triagem de saúde

O ex-prefeito do município de Juruá, Tabira Ferreira, após empreender viagem as cidades de Curitiba e São Paulo (epicentro da epidemia do Coronavírus), retornou ao Amazonas esta semana e embarcou em seguida, via fluvial, para a cidade de Juruá – distante 712 km em linha reta, de Manaus.

Ao desembarcar na cidade, o ex-prefeito não se deixou examinar pela triagem obrigatória da secretaria de saúde local desobedecendo todos os procedimentos preconizados pelo Ministério da Saúde e OMS, Organização Mundial de Saúde, o que deixa a população em alerta pois a regra é para todos os que chegam de fora e de até outras cidades do Amazonas.

Protocolo Covid-19

Segundo orientação do Ministério da Saúde, as equipes de saúde dos municípios devem acolher e avaliar rapidamente todas as pessoas que aportarem na cidade oriundas de grandes centros urbanos.

Essa triagem é obrigatória pois pode verificar possíveis pacientes com febre ou ao menos um sinal ou sintoma respiratório – tosse seca, dor de garganta, mialgia, cefaleia, prostração, dificuldade para respirar e batimento das asas nasais, entre outros.

A febre não é um definidor dos casos, podendo ou não estar presente entre a sintomatologia. Em geral, a temperatura corporal acima de 37,8 ºC, associada aos sintomas e histórico de viagem 14 dias antes das manifestações clínicas pode valer para a suspeição.

Em casos de suspeita de infecção por coronavírus, a equipe de saúde municipal deve priorizar o atendimento, ofertar máscara cirúrgica imediatamente e isolar o paciente sempre que possível. Ou seja, acomodar a pessoa suspeita em local ventilado e sem circulação de pessoas sem proteção.

Segundo a OMS, Organização Mundial da Saúde, é comum as pessoas manifestarem ansiedade diante de situações suspeitas. Por isso, é importante que o serviço de saúde conte com um eficiente sistema de triagem, garantindo segurança do paciente para a realização dos procedimentos.

Áudio do ex-prefeito 

Em áudio que circula na cidade, o ex-prefeito afirma que o objetivo de sua inspeção sanitária era para deixá-lo em quarentena e isolado na Escola Dalila Litaif para, segundo ele, “não ter acesso a um computador”  bem como  impedi-lo de ir nas reuniões que teria de participar “pois o prazo de filiações partidárias terminariam dia quatro de abril próximo”, afirmou.

No áudio, o ex prefeito afirma categoricamente que o atual prefeito queria isolá-lo a todo custo e fazer com que ele ficasse até dia 8 de abril sem chance de reunir com seus correligionários. “Eles queriam me isolar, pois estão desesperados ainda mais agora que tenho o apoio político do vereador presidente da câmara de Juruá, Edson Serrão, conhecido como ‘Macaquinho’, afirmou Tabira no áudio que gravou para grupos de redes sociais.

De acordo com secretário de saúde de Juruá, Dr. Ricardo Elias Moth, o procedimento, independente de se tratar de um ex-prefeito, é padrão para todos.

Segundo o secretário, Tabira não passou pela triagem e recolheu-se em sua residência. “Fomos, eu e o médico Dr. Lucas até a casa do sr. Tabira e lá fomos recebidos com palavras agressivas e que desmerecem nosso trabalho. “Estamos tratando todos da mesma forma. A triagem é necessária pois identifica possíveis vetores, além de que o senhor Tabira chegou de São Paulo, onde se concentra o maior número de casos; com a atenuante de que a transmissão já é comunitária, e o ex-prefeito Tabira é da terceira idade, um sexagenário pertencente a um grupo de risco”, disse o médico.

Triagem em Juruá

O atual prefeito de Juruá, Jose Maria Rodrigues da Rocha Junior, conhecido como Dr. Júnior, se disse surpreso com a negativa do ex-prefeito e adversário político ter recusado passar pela triagem. “O mundo está passando por uma crise séria e nós aqui no Brasil não chegamos sequer a 40% de contaminados considerando o pico que se aproxima segundo os especialistas”, afirmou o prefeito.

Passar pela triagem de saúde é uma questão de cidadania e respeito ao próximo, disse Dr. Júnior após ser avaliado.

Dr. Júnior esteve em Manaus nas últimas semanas para várias reuniões na Susam e retornou ao município e fez a triagem normalmente em sua chegada. “Eu penso que quem não deve não teme. Fiz minha triagem e achei um absurdo ser comunicado pelo meu secretário de saúde que o ex-prefeito não o fez”, disse.

Para o prefeito, o caso da negativa do ex-prefeito em não passar por um exame rotineiro é grave e revela que “enquanto ele se preocupa com eleições e aglutinação de partidos, eu me preocupo com a população”, afirmou o prefeito adiantando a nossa reportagem que irá reportar o fato ao secretário de saúde do Interior do Amazonas, Dr. Cássio Roberto Espírito Santo.

O ex-prefeito Tabira Ferreira tem condenação em trânsito julgado no Tribunal de Contas da União e está inelegível para as eleições deste ano de 2020.

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