Principal ponto da cracolândia em SP surge sem dependentes químicos e população sugere ‘migração’ – País

Moradores do centro de São Paulo têm relatado que grupos de dependentes químicos que, antigamente, se concentravam na Rua dos Protestantes, na Santa Ifigênia, conhecida como a “região da cracolândia“, estão se “espalhando” pela Cidade e ocupando novos espaços.
Segundo a Folha de S. Paulo, na noite dessa terça-feira (13), um grupo dessas pessoas circulou pela praça Marechal Deodoro, onde teria tentado se instalar, mas teria sido impedido por policiais militares que patrulhavam o local em viaturas.
Por volta de meia-noite, esse mesmo grupo teria migrado para a esquina da avenida São João com a alameda Nothmann, embaixo do elevado conhecido como “minhocão”.
Legenda:
Foto:
Grupos de dependentes químicos estariam migrando para outros locais de SP
Reprodução/TV Globo
Veja também
Governos municipal e estadual alegam resultado de trabalho
À imprensa local, o prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), disse ter ficado surpreso com o esvaziamento da “cracolândia”, mas alegou se tratar do resultado de um esforço de longo prazo do Executivo municipal.
“A gente tinha lá, em 2016, quatro mil usuários [de drogas]. Foi fazendo um trabalho, começamos mais fortemente em 2021, em 2022 reforçamos bastante, com ampliação da assistência social, equipe de saúde, polícia municipal, Polícia Militar e Polícia Civil. E foi, gradativamente, diminuindo. Não quer dizer que resolveu, não vamos ter essa ilusão”, comentou.
Nunes também acredita que o “sumiço” dos dependentes químicos se deva a ações de “remoção” na favela do Moinho.
Legenda:
Foto:
O Governo de São Paulo alegou que o aumento do policiamento na região e a prisão de lideranças criminosas contribuíram para a dispersão dos dependentes químicos
Reprodução/TV Globo
À Folha, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que ações do governo também contribuíram para a redução da cracolândia, como combate ao tráfico de drogas, prisões de lideranças criminosas e fechamento de estabelecimentos usados para lavar dinheiro. “Ações que se somaram ao reforço no policiamento e à intensificação de investigações, separando o criminoso do dependente químico”, destacou a pasta.
Veja também
População rebate governos
Segundo o padre Júlio Lancellotti, que atua em ações sociais com moradores de rua, os dependentes químicos da cracolândia “não sumiram nem estão todos em clínicas, mas espalhados pela Cidade, amedrontados e maltratados”.
Usuários de redes sociais como o ‘X’, por exemplo, endossam o discurso do religioso e afirmam que as pessoas estão espalhadas pela Cidade. Além disso, criticam a gestão de Nunes e chamam as ações da Prefeitura de “higienistas”.
“A Prefeitura e o Governo de SP espalharam os dependentes químicos da cracolândia por toda a Cidade e agora a manchete é: ‘Acabamos com a cracolândia’. Essa é a notícia que está sendo disseminada. É muito fácil governar assim”, pontuou um.
“É importante denunciar a pulverização da cracolândia pela periferia da cidade de São Paulo. Isso não é resolver uma questão de saúde e segurança, isso é transferir o ‘problema’ para a periferia, fazendo uma política higienista”, observou outra.